terça-feira, 24 de agosto de 2010

Resistência baixa

Ca-ra-ca, foi só escrever, pela manhã, que eu estava aqui, tentando dar conta dos doentes, que a coisa ficou mais frenética!!!

Agora, além do Rafa (A febre dele não abaixa!!!!) e da minha mãe (que não come mais, resolveu virar faquir!!!!), sou eu que estou baqueando. Já tive febre esta tarde, o que é RARÍSSIMO!!! Agora, meus olhos não param de arder e de lacrimejar...

Aos amigos blogueiros, que me acompanham à distância, já aviso que estou me desconectando temporariamente, até melhorar um pouco.

Rezas, mandigas e patuás são bem-vindos!!!

Pratos caindo no chão...

Na minha vida sempre foi assim: tudo acontece ao mesmo tempo agora.

Nesta semana, todo mundo resolveu ficar doente aqui em casa. Eu, com uma dor de garganta que nunca termina; minha mãe, que está dando defeito; o Rafa, com uma mega sinusite, com febrão desde sexta-feira e o Artur, coitado, que nunca fica bom da gripinha por causa desse tempo doido. Só sobrou o Johan, que já está reclamando de dor de ouvido também.

Para resumir, o Artur fica no meu colo o dia inteiro. Minha coluna foi pro espaço. O material das aulas e dos Congressos (ainda tem isso, participação em congresso e leituras pro Doutorado!!!!) eu preparo de madrugada. Às seis da manhã levanto para, nem contei aqui no blog ainda, tomar conta da cachorrinha Pet, a nova amiguinha do Johan.

Bem, agora posso dizer que a família (feliz) está completa: um casal, dois filhos, uma avó e um filhote. Que coisa mais família americana de subúrbio!!! rsrsrs

Percebi que não dá para equilibrar todos os pratos ao mesmo tempo. Assim, nos últimos dias, sacrifiquei meu trabalho para tentar recuperar minha voz e o fôlego. Nas próximas semanas, darei várias aulas extras nas faculs para repor minhas ausências. Onde eu pude, pedi aos amigos para repor minhas aulas. faço igual ao ditado: devo não nego, pago quando puder.

Campanha de presente de aniversário: Um dia no spa!!!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O aniversário de Johan

Meu filho mais velho ontem fez 8 anos. Ganhou um playstation e muitas coisas do Flamengo. Teve festa na escola com bolo, refri, salgadinhos e muitos amigos, porque o Johan é um camarada muito popular. Sua festa seria numa pizzaria rodízio, mas não deu, porque não tinha espaço (nem grana da mãe) para chamar todo mundo.

Foi a primeira data em que eu reuni dois filhos numa festa de aniversário. O Artur foi prestigiar o irmão, mas não foi o protagonista desse momento. Acho que o Johan nem se deu conta, mas fazia muito tempo que ele não brilhava sozinho - desde que o irmão caçula nasceu, teve de aprender que coração de mãe se divide em quantos filhos tiver. E tem espaço para todo mundo.

Nas últimas férias de julho, tiramos uma noite para ir ao cimema. Vimos Toy Story 3 (que filme mais lindo!). Na hora em que o Andy foi doar os brinquedos para a garotinha, eu e Johan nos acabamos de chorar, e dividimos as mangas do seu casaco de moleton para enxugar nossas lágrimas. Compartilhamos também o embaraço de sairmos com a cara inchada e o nariz vermelho do cinema.

Aqui em casa, nem sempre eu tenho tempo de fazer o trabalho de casa junto, de dar banho, essas coisas, mas sempre que dá eu supervisiono as tarefas e dou faxina no ouvido e no umbigo. Tento compensar minha ausência lendo junto e colocando meu pequeno gigante para deitar. Quando a gente deita, é a maior farra, numa contação de história danada. Quase nunca a gente tem vontade de dormir, mas é preciso, né?

Meu último orgulho agora é que o Johan está aprendendo a ouvir as músicas de que gosto. Já sabe cantar "Eduardo e Mônica" e "Geração Coca-Cola" (esta ele até acha engraçada). Já apresentei para ele o Dire Straits, Engenheiros e Capital. Gostamos de cantar juntos, também, as músicas do Zeca Baleiro. Não se sabe quem é o pior inimigo do ritmo...

Vou sentir falta dos sete anos do Johan, mas estou adorando a fase dos oito também. Os tempos de hoje são bem diferentes daqueles do poeta (aquele do "Ai que saudade que tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida, dos tempos que não voltam mais"), mas ainda assim vai chegar uma época da gente dizer que "era feliz e não sabia".

Ainda bem que eu ainda tenho o Artur para me presentear com todas essas delícias de novo...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Retratos na parede


Mexendo numas coisas, achei rastros de uma Ana que há muito tempo eu não via.
São textos, fotos, cheiros, enfim, coisas que fizeram parte de um momento da minha vida que não existe mais.
Uma veia aberta que pulsa em mim esquecida.

Engraçado como a gente envelhece e vai achando que a vida é como um filme.
Tem coisa que parece que não é a gente, mas personagem de cinema.
Tem amigo que virou figurante.
Tem cenário de novela de Manuel Carlos.
Tem diálogos que a gente não consegue esquecer,
tem outros que a gente não consegue lembrar.

Às vezes, eu queria ter 17 e viver tudo de novo.
às vezes eu queria vestir fantasia e ver o mundo de fora.
quase sempre eu queria ter dito ao meu pai que ele estava certo.

Minha vida se tornou um retrato de parede que ainda dói.
E o pior é que nem sempre me reconheço no retrato...

OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO (DRUMMOND)

Os ombros que suportam o mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertam ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

DA CHEGADA DO AMOR (Elisa Lucinda)

Sempre quis um amor
que falasse
que soubesse o que sentisse.

Sempre quis uma amor que elaborasse
Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo
no clarão da amanhecice.

Sempre quis um amor
que coubesse no que me disse.

Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor
uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
do macho
quanto a sabedoria do sabedor.

Sempre quis um amor cujo
BOM DIA!
morasse na eternidade de encadear os tempos:
passado presente futuro
coisa da mesma embocadura
sabor da mesma golada.

Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexa
do pano de fundo dos seres
não assustasse.

Sempre quis um amor
que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.

Sempre quis uma amor
que não se chateasse
diante das diferenças.

Agora, diante da encomenda
metade de mim rasga afoita
o embrulho
e a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,
é observar
o desenho
do invólucro e compará-lo
com a calma da alma
o seu conteúdo.

Contudo
sempre quis um amor
que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulto
que ora eu fosse o fácil, o sério
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultra-sonografia do furor,
sempre quis um amor
que sem tensa-corrida-de ocorresse.

Sempre quis um amor
que acontecesse
sem esforço
sem medo da inspiração
por ele acabar.

Sempre quis um amor
de abafar,
(não o caso)
mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente
nas nossas mãos.

Sem senãos.

Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.

Eu sempre disse não
à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor
é a sua negação.

Sempre quis um amor
que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse.

Sempre quis um amor
que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.

Sempre quis um amor não omisso
e que suas estórias me contasse.

Ah, eu sempre quis uma amor que amasse.


Poesia extraída do livro "Euteamo e suas estréias", Editora Record - Rio de Janeiro, 1999,

Amor Feinho (Adelia Prado)

Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado, é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho.