Eu me identifiquei muito com essa crônica do Mario Prata (postagem abaixo) porque também moro numa cidade em que motorista pára (uma ova para o acordo ortográfico) pro cachorro e não vê nada de mal nisso.
Aqui em Volta Redonda pedestre atravessa na faixa e o motorista respeita, independente de sinal. Ai do motorista que não pára, porque quando não é multado, é xingado por uma falange de velhinhos da terceira idade. Sim, VR é a capital internacional dos idosos, empatando somente com Copacabana!!!! Aqui tem velhinho na rua, nas praças, nas piscinas, no estádio, sempre se exercitando e com seus direitos gratuitos. Quando eu crescer, vou querer ser velhinha aqui para viajar de graça e desfilar em bloco de Carnaval. Quem sabe então eu não passo a acordar às 6h tão feliz como eles indo para a hidro ou para a Academia da Terceira Idade...
Volta Redonda também tem peculiaridades interessantes. Cachorro-quente é diferente de hot-dog. Cachorro-quente é o de festinha de criança e leva carne moída (!!!) no molho. Hot-dog é o que vende na rua (aquilo que nós cariocas chamamos de “Podrão”) e tem que vir regado de molho verde, uma mistura secreta de maionese, orégano, azeite e outras ervas. O negócio é uma bomba calórica deliciosa, não tem lanchonete ou restaurante que não sirva. Nunca vi em nenhum outro lugar. É iguaria gastronômica daqui.
O povo daqui também gosta de pizza frita, um negócio que parece um pastel metido-a-besta, com umas coisas dentro que imitam pizza. E tem também uma tal de palha italiana, um doce que leva chocolate e biscoito maisena. Nem sempre a aparência é sugestiva, mas o danado do troço é delicioso!
Já caí também numas armadilhas da linguagem do povo daqui, principalmente aquelas ligadas à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). “Estar no turno” é “trabalhar de zero-hora”, quer dizer, no turno que começa à meia-noite. “Piranhar” é passar o outro para trás. “Zeba” é o cara vacilão (não posso explicar como surgiu o termo zeba porque senão eu teria que me referir a uma maneira vulgar pela qual a vulva é chamada). E tudo aqui tem o sufixo –aço: Voltaço, maneiraço, legalzaço etc.
Mas o mais legal que aconteceu comigo foi com relação à minha antiga casa, o meu apartamentinho querido do Laranjal. Na frente da minha casa tinha uma fonte (o voltarredondense não usa o termo chafariz e até então eu não sabia o porquê disso). Eu, carioca da gema, achava feio dizer que morava perto da rodoviária da cidade, mas achava chique dar como ponto de referência da minha casa o chafariz. Eu não entendia a cara de surpresa e espanto que as pessoas faziam quando eu falava no lugar. Demorou um tempão para um aluno educado me dizer, nas palavras dele, que Chafariz era “um lugar onde moças não tão moças cobram para fazer sexo com os clientes”. O pior foi quando ele arrematou: “Professora, normalmente quem mora em frente ao Chafariz também trabalha lá!!!”. Gente, o povo então estava achando que eu era do babado!!!!
Enfim, Volta Redonda tem dessas coisas. Sinto saudade do Rio, é verdade, mas já não sei se deixo para trás a pizza frita com molho verde. Ah, só para fechar: aqui pode não ter praia, mas acho muito chique morar num lugar que ainda respeita o pedestre e o idoso!!!!
quinta-feira, 3 de março de 2011
quarta-feira, 2 de março de 2011
O CACHORRO E O CRIADO-MUDO (Mario Prata)
ESTADO DE SP – 17-09-2001
Morar numa ilha tem uma porção de vantagens. Principalmente quando você olha pela janela e vê o Brasil lá do outro lado. Fica parecendo que a coisa não é com a gente. Tá sempre nublado para aquele lado.
Na semana passada eu olhava e pensava que não apenas o Brasil estava do lado de lá. Mas toda a América. Infelizmente sem os dois falos, as duas torres a menos. Mas não é sobre a simbólica decepação sexual que os irmãozinhos americanos sofreram que eu quero falar. Eu queria falar de outro tipo de paz que se sente vivendo ilhado. Queria dar um exemplo contundente. Até que o exemplo aconteceu ontem, na minha frente, diante do meu carro.
Vinha eu voltando do aeroporto Hercílio Luz (preciso descobrir quem foi esse cara. Aqui tudo é Hercílio e luz) por uma rua estreita, mas com aquelas zebras. Na calçada um cachorro esperando os carros pararem para ele atravessar a rua. Eis que o sujeito que vinha na minha direção parou o carro dele. Para o cachorro? Então eu parei o meu. E (pasmem!) o cachorro atravessou na faixa. Calmamente, sem olhar para os lados, sabendo que podia confiar. É isso: aqui os cachorros atravessam a rua na faixa. Eu fiquei tão espantado com aquilo que fiz um sinal de positivo para o motorista do outro lado. Aí foi ele que não entendeu meu gesto. Ou seja: é normal aqui. Acredite quem quiser.
Outra coisa que aconteceu aqui. Comprei um criado-mudo numa loja genial chamada Usina das Artes, que trabalha com madeira de demolição. Ontem abro o jornal Diário Catarinense (o mundo é diário, diz o slogan) e tem uma matéria sobre a tal loja. E vejo lá uma foto do meu criado-mudo. Com a seguinte legenda:
- Esta mesa-de-cabeceira foi batizada de "Mesa de Apoio Mario Prata". O famoso (sic) escritor paulista, que está residindo na Ilha, comprou uma igual para colocar os originais de seus livros.
Pronto, virei criado-mudo! Além de criado, mudo! E posso garantir que não são bem os meus originais que eu coloco ali nas gavetinhas ao lado da minha cama. Criado-mudo tem de tudo (né?), menos originais.
E eu fico a imaginar, como naquela propaganda da Cônsul: põe na Cônsul!, a mulher gritando para o marido: põe no Mario Prata.
Onde está a tesourinha? Tá no Mario Prata! Já limpou o Mario Prata hoje? Não se acha nada aqui no Mario Prata! Esse Mario Prata está a maior sujeira! E por aí vou eu de madeira reciclada e três gavetas.
Eu já era bolsinha. Se você entrar numa busca pela Internet com o meu nome vai cair numa fábrica de bolsas lá de Birigüi. Meu advogado não consegue acionar os caras porque sempre ri quando liga para lá e uma mocinha atende dizendo: Bolsas Mario Prata, bom dia! Ele cai na gargalhada.
Sou também uma sala de vídeo em Lins. Menos mal.
Quarenta anos de profissão para virar sala, bolsa e criado-mudo? Não que eu queira virar nome de praça, rua, ou teatro. Mesmo porque rua e praça só depois de morto. Isola. Bati três vezes aqui na madeira reciclada.
Bem, podia ser pior. Privada Mario Prata. Parafuso MP. Camisinha Pratinha. Óculos Mario Alberto. Não tinha os óculos Ronaldo?
Pois a vida aqui é assim. Cachorro atravessa na faixa e o cidadão aqui guarda as bugigangas ao lado da cama, dentro de mim.
Agora, cá entre nós, que o criado-mudo é lindo, isto é. E sei que tudo isso foi uma demonstração de carinho comigo. Aqui na ilha é assim. Paz e luz, diria um evangélico.
PS.: Fui olhar agora lá na Barsa quem foi o Hercílio Luz. Está escrito lá:
- Hercílio Luz, ponte. Ponte metálica construída em 1927, para ligar ao continente a cidade de Florianópolis, localizada na Ilha de Santa Catarina. Extensão: 820 m
Morar numa ilha tem uma porção de vantagens. Principalmente quando você olha pela janela e vê o Brasil lá do outro lado. Fica parecendo que a coisa não é com a gente. Tá sempre nublado para aquele lado.
Na semana passada eu olhava e pensava que não apenas o Brasil estava do lado de lá. Mas toda a América. Infelizmente sem os dois falos, as duas torres a menos. Mas não é sobre a simbólica decepação sexual que os irmãozinhos americanos sofreram que eu quero falar. Eu queria falar de outro tipo de paz que se sente vivendo ilhado. Queria dar um exemplo contundente. Até que o exemplo aconteceu ontem, na minha frente, diante do meu carro.
Vinha eu voltando do aeroporto Hercílio Luz (preciso descobrir quem foi esse cara. Aqui tudo é Hercílio e luz) por uma rua estreita, mas com aquelas zebras. Na calçada um cachorro esperando os carros pararem para ele atravessar a rua. Eis que o sujeito que vinha na minha direção parou o carro dele. Para o cachorro? Então eu parei o meu. E (pasmem!) o cachorro atravessou na faixa. Calmamente, sem olhar para os lados, sabendo que podia confiar. É isso: aqui os cachorros atravessam a rua na faixa. Eu fiquei tão espantado com aquilo que fiz um sinal de positivo para o motorista do outro lado. Aí foi ele que não entendeu meu gesto. Ou seja: é normal aqui. Acredite quem quiser.
Outra coisa que aconteceu aqui. Comprei um criado-mudo numa loja genial chamada Usina das Artes, que trabalha com madeira de demolição. Ontem abro o jornal Diário Catarinense (o mundo é diário, diz o slogan) e tem uma matéria sobre a tal loja. E vejo lá uma foto do meu criado-mudo. Com a seguinte legenda:
- Esta mesa-de-cabeceira foi batizada de "Mesa de Apoio Mario Prata". O famoso (sic) escritor paulista, que está residindo na Ilha, comprou uma igual para colocar os originais de seus livros.
Pronto, virei criado-mudo! Além de criado, mudo! E posso garantir que não são bem os meus originais que eu coloco ali nas gavetinhas ao lado da minha cama. Criado-mudo tem de tudo (né?), menos originais.
E eu fico a imaginar, como naquela propaganda da Cônsul: põe na Cônsul!, a mulher gritando para o marido: põe no Mario Prata.
Onde está a tesourinha? Tá no Mario Prata! Já limpou o Mario Prata hoje? Não se acha nada aqui no Mario Prata! Esse Mario Prata está a maior sujeira! E por aí vou eu de madeira reciclada e três gavetas.
Eu já era bolsinha. Se você entrar numa busca pela Internet com o meu nome vai cair numa fábrica de bolsas lá de Birigüi. Meu advogado não consegue acionar os caras porque sempre ri quando liga para lá e uma mocinha atende dizendo: Bolsas Mario Prata, bom dia! Ele cai na gargalhada.
Sou também uma sala de vídeo em Lins. Menos mal.
Quarenta anos de profissão para virar sala, bolsa e criado-mudo? Não que eu queira virar nome de praça, rua, ou teatro. Mesmo porque rua e praça só depois de morto. Isola. Bati três vezes aqui na madeira reciclada.
Bem, podia ser pior. Privada Mario Prata. Parafuso MP. Camisinha Pratinha. Óculos Mario Alberto. Não tinha os óculos Ronaldo?
Pois a vida aqui é assim. Cachorro atravessa na faixa e o cidadão aqui guarda as bugigangas ao lado da cama, dentro de mim.
Agora, cá entre nós, que o criado-mudo é lindo, isto é. E sei que tudo isso foi uma demonstração de carinho comigo. Aqui na ilha é assim. Paz e luz, diria um evangélico.
PS.: Fui olhar agora lá na Barsa quem foi o Hercílio Luz. Está escrito lá:
- Hercílio Luz, ponte. Ponte metálica construída em 1927, para ligar ao continente a cidade de Florianópolis, localizada na Ilha de Santa Catarina. Extensão: 820 m
Ela (Martha Medeiros)
Estava eu aqui tristinha, pensando num Carnaval sem viagem nem praia, quando me lembrei desta crônica da Martha. Para as minhas amigas que sabem quem é `ela` e como ´ela` é inconveniente, dedico este texto tão delicioso.
Ela
Se você não tem problemas com a sua, levante as mãos para o céu e pare agora mesmo de reclamar da vida. O que são algumas dívidas para pagar, um celular sempre sem bateria, um final de semana chuvoso? Chatices, mas dá-se um jeito. Nela não. Nela não dá-se um jeito. para eliminá-la, prometemos cortar bebidas alcoólicas, prometemos fazer mil abdominais por dia, mas ela não acusa o golpe, segue com sua saliência irritante. A gente caminha, corre, sobe escada, desce escada, vibra quando nosso intestino está bem regulado, cumprindo suas funções à perfeição, mas ela não se faz de rogada, mantém-se firme onde está. "Mantém-se firme" é força de expressão. Ela é tudo, menos firme. Você sabe de quem estou falando.
Ela é uma praga masculina e feminina. Os homens também sofrem, mas aprendem a conviver com ela: entregam os pontos e vão em frente, encarando a situação como uma contingência do destino. As mulheres, não. Mulheres são guerreiras, lutam com todas as armas que têm. Algumas ficam sem respirar para encolhê-la, chegam a ficar azuis. Outras vão para a mesa de cirurgia e ordenam que o médico sugue a desgraçada com umbigo e tudo. Mas passa-se um tempo e ela volta, a desaforada sempre volta.
Quem não tem a sua? Eu conto quem: umas poucas sortudas com menos de quinze anos. Umas poucas malucas que acordam, almoçam e jantam na academia. Algumas mais malucas ainda que não almoçam nem jantam. As que nasceram com crédito pré-aprovado com Deus. E aquelas que nunca engravidaram, é lógico.
As que ignoram totalmente sobre o que estou falando são poucas, não lotariam uma sala de cinema. Já as que sabem muito bem quem é a protagonista desta crônica (pois alojam a infeliz no próprio corpo) povoam o resto da cidade, estão por toda parte. Batas disfarçam, vestidinhos disfarçam, biquínis colocam tudo a perder.
Nem todas possuem enorme. Cruzes, não. Às vezes é apenas uma protuberância, uma coisinha de nada, na horizontal nem se repara. Aliás, mulheres acordam mais bem-humoradas do que os homens porque de manhã cedo somos todas magras. Todas tábuas. Todas retas. passam-se as primeiras horas, no entanto, e a lei da gravidade surge para dar bom dia. Lá se vai nosso humor.
Falam muito de celulite. Falam de seios, de traseiros, de rugas, de pés grandes, de falta de cintura, de caspa, de tornozelos grossos, de orelhas de abano, de narizes desproporcionais, de ombros caídos, de muita coisa caída. Temos uma possibilidade infinita de defeitos. Mas ela é que nos tira do prumo. Ela é que compromete nossa silhueta. Ela é que arrasa com nossa elegância. Ela. Nem ouso pronunciar seu nome. Você sabe bem quem. Se não sabe, sorte sua: é porque não tem."
Ela
Se você não tem problemas com a sua, levante as mãos para o céu e pare agora mesmo de reclamar da vida. O que são algumas dívidas para pagar, um celular sempre sem bateria, um final de semana chuvoso? Chatices, mas dá-se um jeito. Nela não. Nela não dá-se um jeito. para eliminá-la, prometemos cortar bebidas alcoólicas, prometemos fazer mil abdominais por dia, mas ela não acusa o golpe, segue com sua saliência irritante. A gente caminha, corre, sobe escada, desce escada, vibra quando nosso intestino está bem regulado, cumprindo suas funções à perfeição, mas ela não se faz de rogada, mantém-se firme onde está. "Mantém-se firme" é força de expressão. Ela é tudo, menos firme. Você sabe de quem estou falando.
Ela é uma praga masculina e feminina. Os homens também sofrem, mas aprendem a conviver com ela: entregam os pontos e vão em frente, encarando a situação como uma contingência do destino. As mulheres, não. Mulheres são guerreiras, lutam com todas as armas que têm. Algumas ficam sem respirar para encolhê-la, chegam a ficar azuis. Outras vão para a mesa de cirurgia e ordenam que o médico sugue a desgraçada com umbigo e tudo. Mas passa-se um tempo e ela volta, a desaforada sempre volta.
Quem não tem a sua? Eu conto quem: umas poucas sortudas com menos de quinze anos. Umas poucas malucas que acordam, almoçam e jantam na academia. Algumas mais malucas ainda que não almoçam nem jantam. As que nasceram com crédito pré-aprovado com Deus. E aquelas que nunca engravidaram, é lógico.
As que ignoram totalmente sobre o que estou falando são poucas, não lotariam uma sala de cinema. Já as que sabem muito bem quem é a protagonista desta crônica (pois alojam a infeliz no próprio corpo) povoam o resto da cidade, estão por toda parte. Batas disfarçam, vestidinhos disfarçam, biquínis colocam tudo a perder.
Nem todas possuem enorme. Cruzes, não. Às vezes é apenas uma protuberância, uma coisinha de nada, na horizontal nem se repara. Aliás, mulheres acordam mais bem-humoradas do que os homens porque de manhã cedo somos todas magras. Todas tábuas. Todas retas. passam-se as primeiras horas, no entanto, e a lei da gravidade surge para dar bom dia. Lá se vai nosso humor.
Falam muito de celulite. Falam de seios, de traseiros, de rugas, de pés grandes, de falta de cintura, de caspa, de tornozelos grossos, de orelhas de abano, de narizes desproporcionais, de ombros caídos, de muita coisa caída. Temos uma possibilidade infinita de defeitos. Mas ela é que nos tira do prumo. Ela é que compromete nossa silhueta. Ela é que arrasa com nossa elegância. Ela. Nem ouso pronunciar seu nome. Você sabe bem quem. Se não sabe, sorte sua: é porque não tem."
Ai que saudade da Amélia...
Prometi para mim mesma que me cuidaria no ano novo, que trabalharia menos, que escreveria a tese, que namoraria mais e, até agora, meu 2011 não foi nada disso... estou trabalhando feito uma louca, sem tempo para ver as crianças, sem pique para namorar e o que é pior neste momento para uma mulher às vésperas dos 40 :engordando horrores!!!! Ai, meu Deus, como conciliar dieta com essa rotina frenética de trabalho???
Percebi que deveria ter mais tempo para mim, ir para a academia, para o clube. A vida ideal deve ser ter motorista, babá e cozinheira, daquela que sabe fazer salmão com molho de morango com trufas de fruta-de-conde. Enquanto as crianças estão na piscina a gente faz hidro. Na hora em que estão na escola a gente vai pro horário com o personal e para a depilação. À noite, enquanto fazem o trabalho com a explicadora, a gente toma um banho de sais na banheira e escolhe a camisola fatal para esperar o marido...
Voltando ao mundo real, sei que minha força é importante para a economia; que eu sou uma profissional de futuro; que 30% de mulheres como eu sustentam sozinhas os seus lares. Eu sei de tudo isso e não renego a importância da revolução sexual, mas o que eu queria mesmo, pelo menos nas férias, era ter um pouquinho o direito de ser Amélia...
Percebi que deveria ter mais tempo para mim, ir para a academia, para o clube. A vida ideal deve ser ter motorista, babá e cozinheira, daquela que sabe fazer salmão com molho de morango com trufas de fruta-de-conde. Enquanto as crianças estão na piscina a gente faz hidro. Na hora em que estão na escola a gente vai pro horário com o personal e para a depilação. À noite, enquanto fazem o trabalho com a explicadora, a gente toma um banho de sais na banheira e escolhe a camisola fatal para esperar o marido...
Voltando ao mundo real, sei que minha força é importante para a economia; que eu sou uma profissional de futuro; que 30% de mulheres como eu sustentam sozinhas os seus lares. Eu sei de tudo isso e não renego a importância da revolução sexual, mas o que eu queria mesmo, pelo menos nas férias, era ter um pouquinho o direito de ser Amélia...
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