quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Sophia de Mello Breyner Andresen

Pudesse eu não ter laços nem limites
Oh vida de mil faces transbordantes
P'ra poder responder aos Teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes


Escorpiana de novembro, poetisa, cronista, mãe... como não me identificar com ela?
Sophia se despediu de nós em 2004, deixando uma obra que vale a pena ler e ouvir, principalmente na voz da Bethânia, naquele CD lindo "Dentro do mar tem rio".

Olha isso...

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.


Como diz o Rubem Alves: o que é que a Sophia de Mello Breyner Andresen queria dizer com o seu poema? Não sei. Só sei que o seu poema faz amor comigo.

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