quinta-feira, 3 de março de 2011

I left my heart in VR

Eu me identifiquei muito com essa crônica do Mario Prata (postagem abaixo) porque também moro numa cidade em que motorista pára (uma ova para o acordo ortográfico) pro cachorro e não vê nada de mal nisso.

Aqui em Volta Redonda pedestre atravessa na faixa e o motorista respeita, independente de sinal. Ai do motorista que não pára, porque quando não é multado, é xingado por uma falange de velhinhos da terceira idade. Sim, VR é a capital internacional dos idosos, empatando somente com Copacabana!!!! Aqui tem velhinho na rua, nas praças, nas piscinas, no estádio, sempre se exercitando e com seus direitos gratuitos. Quando eu crescer, vou querer ser velhinha aqui para viajar de graça e desfilar em bloco de Carnaval. Quem sabe então eu não passo a acordar às 6h tão feliz como eles indo para a hidro ou para a Academia da Terceira Idade...

Volta Redonda também tem peculiaridades interessantes. Cachorro-quente é diferente de hot-dog. Cachorro-quente é o de festinha de criança e leva carne moída (!!!) no molho. Hot-dog é o que vende na rua (aquilo que nós cariocas chamamos de “Podrão”) e tem que vir regado de molho verde, uma mistura secreta de maionese, orégano, azeite e outras ervas. O negócio é uma bomba calórica deliciosa, não tem lanchonete ou restaurante que não sirva. Nunca vi em nenhum outro lugar. É iguaria gastronômica daqui.

O povo daqui também gosta de pizza frita, um negócio que parece um pastel metido-a-besta, com umas coisas dentro que imitam pizza. E tem também uma tal de palha italiana, um doce que leva chocolate e biscoito maisena. Nem sempre a aparência é sugestiva, mas o danado do troço é delicioso!

Já caí também numas armadilhas da linguagem do povo daqui, principalmente aquelas ligadas à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). “Estar no turno” é “trabalhar de zero-hora”, quer dizer, no turno que começa à meia-noite. “Piranhar” é passar o outro para trás. “Zeba” é o cara vacilão (não posso explicar como surgiu o termo zeba porque senão eu teria que me referir a uma maneira vulgar pela qual a vulva é chamada). E tudo aqui tem o sufixo –aço: Voltaço, maneiraço, legalzaço etc.

Mas o mais legal que aconteceu comigo foi com relação à minha antiga casa, o meu apartamentinho querido do Laranjal. Na frente da minha casa tinha uma fonte (o voltarredondense não usa o termo chafariz e até então eu não sabia o porquê disso). Eu, carioca da gema, achava feio dizer que morava perto da rodoviária da cidade, mas achava chique dar como ponto de referência da minha casa o chafariz. Eu não entendia a cara de surpresa e espanto que as pessoas faziam quando eu falava no lugar. Demorou um tempão para um aluno educado me dizer, nas palavras dele, que Chafariz era “um lugar onde moças não tão moças cobram para fazer sexo com os clientes”. O pior foi quando ele arrematou: “Professora, normalmente quem mora em frente ao Chafariz também trabalha lá!!!”. Gente, o povo então estava achando que eu era do babado!!!!

Enfim, Volta Redonda tem dessas coisas. Sinto saudade do Rio, é verdade, mas já não sei se deixo para trás a pizza frita com molho verde. Ah, só para fechar: aqui pode não ter praia, mas acho muito chique morar num lugar que ainda respeita o pedestre e o idoso!!!!

9 comentários:

  1. Oi, querida Ana!

    Através dos seus textos, você transmite a exata noção de uma equilibradora de pratos: é necessário cuidar para que a louça não se quebre, ao mesmo tempo em que os passos necessitam ser cuidadosos como traços de chuva. Despojadas, as palavras dançam no sentido de equilibrar o que do dia a dia não pode se perder nem se espatifar pelo chão. Com isso, você salva as peculiaridades mais sutis, que ora soam engraçadas, ora sérias - mas sempre irreverentes.

    Enfim, é uma delícia ler o seu blog, pois poucas pessoas equilibram palavras com a mesma maestria com que o fazem com os pratos.

    É um grande prazer ter a oportunidade de ser seu amigo.

    Um beijo,

    Felippe Carotta

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  2. Oi, querida Ana!

    Através dos seus textos, você transmite a exata noção de uma equilibradora de pratos: é necessário cuidar para que a louça não se quebre, ao mesmo tempo em que os passos necessitam ser cuidadosos como traços de chuva. Despojadas, as palavras dançam no sentido de equilibrar o que do dia a dia não pode se perder nem se espatifar pelo chão. Com isso, você salva as peculiaridades mais sutis, que ora soam engraçadas, ora sérias - mas sempre irreverentes.

    Enfim, é uma delícia ler o seu blog, pois poucas pessoas equilibram palavras com a mesma maestria com que o fazem com os pratos.

    É um grande prazer ter a oportunidade de ser seu amigo.

    Um beijo,

    Felippe Carotta

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  3. Oi Ana muito bom este post,gostei da forma que você relatou as gírias,lugares e as qualidades de Volta Redonda.

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  4. É verdade. Também gosto de Volta Redonda e não dispenso a cidade, porém eu venho de um lugar que não preciso ficar "horas" esperando o sinal abrir. Lá os velhinhos tbm sao respeitados, e engarrafamento não é tão frequente. Porém o lugar onde morava não possui uma água muito boa(segundo a consideração dos homens). Kkkkkkkkkkkkkk

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  5. hauhuiahuiaiuahu
    você se esqueceu de dizer que em Volta Redonda as pessoas cortam a letra D dos gerúndios "fazeno, andano, falano"
    =D
    Bjoss do seu amigo sumido mas que não te esquece viu !!!

    Alexandre Furtado

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  6. Adorei da forma carinhosa que fala de VR, sei que temos muitos problemas aqui, mas ainda sim é uma cidade ótima de morar. Sou filha de VR e já morei em Vitória (ES) e Divinopólis (MG), porém em nenhum lugar pude sentir este jeito de metropolis com jeito de cidade pequena do interior.
    Amo Volta Redonda.

    Ligia

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  7. Olá, Ana!
    Acabei de receber este seu texto por email e vim conferir o blog.
    Já conhecia você de nome, talvez da FOA, não sei ao certo.
    Gostei de descobrir minha cidade na sua crônica. Nós, que somos daqui, não prestamos muito a atenção em peculiaridades como a pizza frita e o 'Zeba'.
    Ri bastante.
    Beijão.

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    1. Giovana, minha cara!!! O blog ficou meio de lado e eu não vi essa sua postagem. Que pena!

      Espero que ainda dê tempo de dizer que sou muito sua fã, que acompanhei sua luta de longe e que você tem o nome mais lindo do mundo: o nome da minha filha!!!

      Bj!!

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  8. Olá Ana
    Lembra de mim: Simone da Guti Guti.......
    Vc não quis, a Eunice passou a loja, continua com o mesmo nome e está cheia de coisas lindas.
    E seus meninos como estão,bjs no Yohan(é assim msm que escreve?)
    Sai da loja e estou em casa com meus EVAs, entra no meu BLOG para vc ver, admirar e divulgar:http://euquefacoeva.blogspot.com/
    Adorei o texto e seu BLOG.
    Vou estar sempre pro aki.
    Bjks doces
    Sissi

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