Raymond Carver (1938-88), escritor e poeta americano, publicou em 1981, entre outros, a coletânea de contos "Iniciantes" ("What we talk about when we talk about Love", trad. Rubens Figueiredo, Companhia das Letras). A Ilustríssima, da Folha de São Paulo, troxe na data de hoje umas coisas bacanérrimas que ele escreveu. Eu me identifiquei com o poema Medo. Se você gostar, vá em http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/768049-quatro-poemas-de-raymond-carver.shtml
Medo
Medo de ver a polícia estacionar à minha porta.
Medo de dormir à noite.
Medo de não dormir.
Medo de que o passado desperte.
Medo de que o presente alce voo.
Medo do telefone que toca no silêncio da noite.
Medo de tempestades fulminantes.
Medo da faxineira que tem uma pinta no queixo!
Medo de cães que supostamente não mordem.
Medo da ansiedade!
Medo de ter que identificar o corpo de um amigo morto.
Medo de ficar sem dinheiro.
Medo de ter demais, mesmo que ninguém vá acreditar nisso.
Medo de perfis psicológicos.
Medo de me atrasar e medo de ser o primeiro a chegar.
Medo de ver a letra dos meus filhos em envelopes.
Medo de que eles morram antes de mim, e que eu me sinta culpado.
Medo de ter que viver com minha mãe em sua velhice, e na minha.
Medo da confusão.
Medo de que esse dia acabe em um bilhete infeliz.
Medo de acordar e ver que você partiu.
Medo de não amar e medo de não amar o bastante.
Medo de que o que amo se prove letal para aqueles que amo.
Medo da morte.
Medo de viver demais.
Medo da morte.
Já disse isso.
Oi, Ana!
ResponderExcluirGostei do título e subtítulo de seu blog. O meu vc conhece? Eu afirmo - com Adélia - que sou desdobrável rsrsrrs.
Beijinhos
Adorei o poema!
ResponderExcluirPosso fazer uam crítica e publicar no "critório" de meu blog?